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Vale do Paraíba Une Tradição do Arroz a Variedades Inovadoras

Vale do Paraíba Une Tradição do Arroz a Variedades Inovadoras

São José dos Campos, 28 de fevereiro de 2025 – O Vale do Paraíba, região encravada entre as serras do Mar e da Mantiqueira, no interior de São Paulo, mantém uma relação histórica e cultural com o cultivo e o consumo de arroz, um dos pilares de sua identidade agrícola e gastronômica. Nos últimos anos, no entanto, produtores e chefs locais têm ido além da tradição, ousando com tipos especiais do grão – como o vermelho, o negro e o cateto – que combinam sabores únicos, benefícios nutricionais e um toque de inovação à mesa regional.

A ligação do Vale com o arroz remonta ao século XIX, quando a cultura cafeeira dominava a economia local. Na época, o grão era plantado como complemento às lavouras de café, garantindo subsistência aos trabalhadores e suas famílias. Com o declínio do café, o arroz assumiu protagonismo, adaptando-se ao solo fértil e ao clima ameno da região. Hoje, cidades como Pindamonhangaba, Guaratinguetá e São Luiz do Paraitinga são reconhecidas por suas plantações, muitas ainda manejadas por pequenos agricultores que preservam técnicas tradicionais.

Minha família planta arroz há quatro gerações. É mais que um alimento, é nossa história, conta José Aparecido Silva, agricultor de 52 anos de Tremembé. Ele cultiva o arroz branco tradicional, mas há dois anos começou a experimentar o arroz vermelho, incentivado por uma demanda crescente de consumidores e restaurantes locais. O vermelho tem um sabor mais forte, meio terroso, e as pessoas gostam porque é diferente e saudável, explica. Rico em antioxidantes e fibras, esse tipo especial tem ganhado espaço em feiras e mercados regionais.

A ousadia com variedades especiais não para por aí. O arroz negro, com sua cor intensa e textura firme, tornou-se queridinho de chefs como Mariana Costa, do restaurante Sabor da Serra, em Taubaté. Uso o negro em risotos com queijo da Mantiqueira ou frutos do mar. Ele traz um contraste visual e um gosto que lembra castanha, diz Mariana. Já o arroz cateto, de grão curto e ideal para pratos cremosos, é cultivado em áreas como Cunha e resgata uma tradição quase esquecida, mas agora valorizada por sua versatilidade.

A inovação também reflete uma resposta às mudanças no mercado. Segundo a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a produção de arroz no Vale do Paraíba cresceu 12% nos últimos cinco anos, impulsionada pela diversificação. Os tipos especiais ainda são uma fração do total, mas têm maior valor agregado, o que ajuda os agricultores a competir com as grandes monoculturas do Sul do país, explica o agrônomo Roberto Lima, que assessora produtores locais. O preço do arroz negro, por exemplo, pode chegar a R$ 25 o quilo, contra R$ 6 do branco comum.

A relação cultural com o arroz também se manifesta na culinária e nas festas populares. Pratos como o arroz com suã – espinhaço de porco – e o tradicional arroz de carreteiro, herança dos tropeiros que cruzavam a região, seguem vivos em eventos como a Festa do Divino de São Luiz do Paraitinga. Mas a introdução de tipos especiais está renovando essas tradições. Em Pinda, o chef João Almeida criou uma versão do carreteiro com arroz vermelho e linguiça artesanal, que virou atração em feiras gastronômicas.

Para além do sabor, a aposta em variedades especiais tem apelo sustentável. O cultivo de arroz negro e vermelho exige menos água e defensivos que o branco irrigado, alinhando-se às práticas agroecológicas que ganham força no Vale. É uma forma de preservar o meio ambiente e nossa cultura ao mesmo tempo, diz Ana Lúcia Mendes, coordenadora de um projeto de agricultura familiar em Santo Antônio do Pinhal.

A ousadia do Vale do Paraíba com o arroz especial prova que tradição e inovação podem andar de mãos dadas. Enquanto o grão segue sendo o coração da mesa local, os tipos diferenciados abrem novos horizontes, conectando o passado rural da região a um futuro de sabores e possibilidades. Seja no prato simples do dia a dia ou nas criações sofisticadas dos chefs, o arroz do Vale continua a contar sua história – agora com um toque de atrevimento.

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