Após Discussão Acirrada, Zelensky Reconhece Gratidão a Trump pelo Suporte Americano

Após Discussão Acirrada, Zelensky Reconhece Gratidão a Trump pelo Suporte Americano
Washington, 28 de fevereiro de 2025 – O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou publicamente sua gratidão ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo apoio contínuo ao seu país, apesar de um encontro tenso entre os dois líderes na Casa Branca nesta sexta-feira. A reunião, marcada por um bate-boca que quase descarrilou as negociações sobre um acordo de minerais estratégicos, terminou sem avanços concretos, mas Zelensky optou por destacar os pontos positivos da relação bilateral em uma tentativa de preservar a aliança crítica com os EUA em meio à guerra contra a Rússia.
O embate entre os dois líderes foi transmitido ao vivo, expondo divergências profundas. Zelensky, visivelmente frustrado, exigiu respeito durante uma troca de farpas com o vice-presidente JD Vance e resistiu às pressões de Trump para ceder recursos minerais ucranianos em troca de apoio financeiro. Trump, por sua vez, elevou o tom ao sugerir que Zelensky saísse caso não estivesse disposto a negociar, alertando que a Ucrânia estava apostando com a Terceira Guerra Mundial. Apesar do clima hostil, o ucraniano mudou o tom em uma declaração posterior, afirmando: Agradeço ao presidente Trump e ao povo americano pelo apoio que nos mantém vivos diante da agressão russa.
A gratidão de Zelensky reflete a dependência estratégica da Ucrânia em relação aos Estados Unidos, que já forneceram mais de US$ 175 bilhões em assistência militar e humanitária desde o início do conflito em 2022, segundo dados do Pentágono. Sob Trump, que reassumiu a presidência em janeiro, o fluxo de recursos continuou, embora condicionado a negociações mais duras. “Os EUA são nosso maior parceiro, e mesmo com diferenças, o suporte deles é essencial para nossa resistência, disse Zelensky em uma coletiva de imprensa após o encontro.
O foco da reunião era um acordo que daria aos EUA acesso a minerais raros ucranianos, como lítio e níquel, cruciais para tecnologias avançadas, em troca de garantias de segurança e financiamento. Trump apresentou o plano como uma forma de justificar os gastos americanos com a Ucrânia perante os contribuintes, propondo que trabalhadores dos EUA atuassem como segurança automática em solo ucraniano. Zelensky, porém, rejeitou termos que considerou ameaças à soberania de seu país, como uma proposta inicial de lucros fixos de US$ 500 bilhões para os EUA, que acabou descartada após o confronto.
Analistas veem o agradecimento de Zelensky como uma jogada diplomática para evitar um rompimento total com Trump, cuja postura imprevisível tem preocupado Kiev. Ele sabe que não pode se dar ao luxo de perder os EUA, especialmente com a Europa dividida e a Rússia intensificando os ataques, observa Oleksiy Melnyk, pesquisador do Instituto Razumkov, em Kiev. A Ucrânia enfrenta um inverno crítico, com infraestrutura energética devastada e uma linha de frente estagnada no leste, o que torna o apoio externo ainda mais vital.
Nos EUA, a reação foi mista. Republicanos alinhados a Trump, como o senador Lindsey Graham, elogiaram a firmeza do presidente americano, mas criticaram Zelensky por ingratidão. Ele deveria beijar o chão que Trump pisa depois de tudo que fizemos por eles, disse Graham à Fox News. Já democratas, como a líder da Câmara Nancy Pelosi, alertaram que a abordagem de Trump está jogando com a vida de milhões ao condicionar ajuda a interesses econômicos.
Enquanto isso, a relação entre os dois líderes segue sob tensão. Trump, em um post na Truth Social, chamou Zelensky de teimoso, mas esperto, e sugeriu que novas conversas podem ocorrer em breve. Zelensky, por sua vez, enfatizou que a Ucrânia não busca apenas recursos financeiros, mas parcerias justas. Não estamos aqui para doar nosso futuro, mas para construir algo juntos, afirmou.
O episódio expõe o delicado equilíbrio entre gratidão e resistência na postura de Zelensky. Com a guerra entrando em seu quarto ano e a Rússia mantendo pressão militar, a Ucrânia precisa dos EUA mais do que nunca – mas não a qualquer custo. O agradecimento a Trump, mesmo após o bate-boca, sinaliza que, por ora, Kiev prefere manter as pontes intactas, ainda que o caminho à frente permaneça incerto.