Após Tensa Reunião entre Trump e Zelensky, Acordo de Minerais entre EUA e Ucrânia Não Sai do Papel

Após Tensa Reunião entre Trump e Zelensky, Acordo de Minerais entre EUA e Ucrânia Não Sai do Papel
Washington, 28 de fevereiro de 2025 – O aguardado acordo sobre a exploração de minerais raros entre os Estados Unidos e a Ucrânia, que vinha sendo negociado há semanas, não foi assinado após uma reunião marcada por tensões entre o presidente americano Donald Trump e o líder ucraniano Volodymyr Zelensky. O encontro, realizado na Casa Branca nesta sexta-feira, terminou sem um desfecho positivo, frustrando as expectativas de um pacto que poderia redefinir a relação econômica entre os dois países.
A proposta, que vinha sendo discutida desde setembro do ano passado, previa que os EUA teriam acesso a uma parte significativa dos recursos minerais da Ucrânia, incluindo terras raras essenciais para tecnologias avançadas e aplicações militares. Em troca, a Ucrânia buscava garantias de segurança e apoio contínuo dos EUA em meio ao conflito com a Rússia. Trump, por sua vez, vinha apresentando o acordo como uma forma de compensar os contribuintes americanos pelo apoio financeiro e militar fornecido a Kiev, que ele estima em centenas de bilhões de dólares.
A reunião, transmitida ao vivo pelo canal oficial da Casa Branca, foi marcada por momentos de alta tensão. Segundo relatos, Trump e Zelensky elevaram o tom em diversos pontos da discussão. O líder ucraniano teria exigido respeito durante um confronto verbal com o vice-presidente americano JD Vance, afirmando: “Fale comigo com respeito”. Trump, por sua vez, teria reagido de forma contundente, sugerindo que Zelensky “saísse” caso não estivesse disposto a chegar a um entendimento. “Você está apostando com a Terceira Guerra Mundial”, teria dito o presidente americano, conforme reportado por fontes presentes.
As divergências centrais giraram em torno das condições do acordo. Zelensky resistiu à pressão inicial de Trump para ceder uma quantia fixa de 500 bilhões de dólares em lucros futuros dos minerais, argumentando que isso comprometeria a soberania ucraniana e imporia uma dívida insustentável às futuras gerações. Embora versões revisadas do acordo tenham sido apresentadas, eliminando essa exigência específica, a ausência de garantias de segurança explícitas por parte dos EUA continuou sendo um obstáculo. “Não posso vender a Ucrânia”, declarou Zelensky em uma entrevista recente, sinalizando sua relutância em aceitar termos que não atendessem às necessidades estratégicas de seu país.
Do lado americano, Trump insistiu que o acordo seria uma “grande vitória” para os EUA, permitindo o acesso a recursos valiosos como alumínio, gálio e trítio, enquanto ajudaria a Ucrânia a reconstruir sua economia devastada pela guerra. Ele também sugeriu que a presença de trabalhadores americanos em solo ucraniano poderia servir como uma forma de “segurança automática”, mas rejeitou compromissos mais amplos, afirmando que a responsabilidade pela segurança de Kiev deveria recair sobre a Europa.
A falta de um acordo final expõe a fragilidade nas relações entre os dois líderes, que já vinham trocando críticas públicas nas últimas semanas. Trump acusou Zelensky de ser um “ditador” e de prolongar o conflito com a Rússia por interesses próprios, enquanto o ucraniano criticou o americano por conduzir negociações com Moscou sem incluir Kiev. A exclusão da Ucrânia de conversas entre EUA e Rússia em instâncias como as reuniões na Arábia Saudita só aumentou a desconfiança de Zelensky em relação às intenções de Trump.
Analistas apontam que o fracasso em assinar o acordo pode ter implicações significativas. Para a Ucrânia, a ausência de um pacto econômico e de segurança com os EUA pode dificultar a obtenção de apoio contínuo em um momento crítico da guerra. Para Trump, o episódio reforça a percepção de uma abordagem transacional nas relações internacionais, mas também evidencia os limites de sua estratégia de pressão. Enquanto isso, a Europa observa com preocupação, com líderes como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron intensificando esforços para garantir que o apoio a Kiev não dependa exclusivamente de Washington.
Por ora, o destino dos vastos depósitos minerais da Ucrânia permanece incerto, assim como a relação entre os dois países. O que começou como uma promessa de parceria econômica transformou-se em um impasse diplomático, deixando mais perguntas do que respostas sobre o futuro da cooperação entre EUA e Ucrânia.