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 Gleisi Hoffmann: A Percepção de Disciplina e Firmeza da Equipe Econômica

Gleisi Hoffmann: A Percepção de Disciplina e Firmeza da Equipe Econômica

Brasília, 28 de fevereiro de 2025 – Nos corredores do Palácio do Planalto e nos bastidores do Ministério da Economia, um nome tem ganhado destaque entre os técnicos e assessores da equipe econômica do governo Lula: Gleisi Hoffmann. A presidente nacional do PT e deputada federal pelo Paraná, conhecida por sua trajetória combativa e lealdade ao partido, vem sendo descrita como uma figura disciplinada e linha-dura, especialmente em sua influência sobre as diretrizes econômicas e políticas da gestão. Essa visão, que contrasta com a imagem pública de Gleisi como uma política aguerrida e ideológica, revela uma faceta menos explorada de sua atuação no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Fontes próximas à equipe econômica afirmam que Gleisi tem desempenhado um papel central na articulação entre o governo e o Congresso, garantindo que as prioridades fiscais e sociais do PT sejam mantidas mesmo em negociações delicadas. Ela é linha-dura no sentido de não abrir mão do que acredita, mas também é extremamente disciplinada para alinhar os interesses do partido com o que é viável, conta um assessor do Ministério da Economia que pediu anonimato. Essa combinação, segundo ele, tem sido essencial para evitar que o governo ceda a pressões externas ou internas que possam desviar o foco das metas estabelecidas.

A percepção da equipe econômica sobre Gleisi ganhou força após sua atuação em episódios recentes, como a aprovação do orçamento de 2025 e a costura de acordos para o pacote de R$ 31,2 bilhões em medidas populares anunciado nesta semana. Em reuniões fechadas, ela teria cobrado rigor dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) para que os gastos fossem equilibrados com fontes de receita claras, evitando críticas de irresponsabilidade fiscal. Gleisi não quer que o governo repita os erros do passado. Ela sabe que a credibilidade econômica é essencial para sustentar o projeto político, revela outro integrante da equipe.

Essa postura disciplinada, no entanto, não significa ausência de embates. Gleisi tem se posicionado como uma defensora ferrenha das bandeiras sociais do PT, como a ampliação do Bolsa Família e a isenção de Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil, mesmo quando isso gera atritos com setores mais ortodoxos da equipe econômica. Sua firmeza em manter o DNA progressista do partido a coloca, por vezes, em rota de colisão com técnicos que priorizam o ajuste fiscal. “Ela é linha-dura com a gente também, não aceita recuar em pontos que considera inegociáveis”, admite um economista ligado ao Planalto.

Fora do governo, a visão sobre Gleisi é mais polarizada. Parlamentares da oposição, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), criticam o que chamam de interferência excessiva da deputada nas decisões econômicas, acusando-a de pressionar por medidas populistas para fortalecer a base eleitoral do PT. Gleisi manda mais que o Haddad em alguns momentos, e isso é perigoso para o país, disparou Bolsonaro em uma sessão no Senado. Já aliados, como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), elogiam sua capacidade de unir pragmatismo e convicção. Ela é a espinha dorsal do governo no Congresso, ninguém segura as pontas como ela, afirma.

Analistas políticos veem nessa dualidade – disciplina e firmeza – um reflexo da própria estratégia do PT para navegar os desafios do atual mandato. Gleisi é uma ponte entre o Lula político e o Lula gestor. Ela garante que o governo não perca sua identidade, mas também que não descambe para o voluntarismo econômico, avalia Maria Helena Passos, cientista política da UnB. Para Passos, o papel de Gleisi pode ser decisivo em um momento em que a aprovação do governo está em queda e a pressão por resultados concretos aumenta.

Aos 59 anos, Gleisi Hoffmann acumula décadas de experiência política, desde sua passagem como ministra da Casa Civil no governo Dilma Rousseff até a liderança do PT em períodos turbulentos, como o impeachment de 2016 e a prisão de Lula em 2018. Sua ascensão como uma voz influente na economia, porém, surpreende até mesmo alguns petistas históricos. Ela sempre foi mais associada à estratégia política do que à gestão econômica, mas está mostrando que entende os dois lados da moeda, comenta um ex-dirigente do partido.

Enquanto o governo Lula busca reverter sua perda de popularidade, Gleisi Hoffmann emerge como uma figura chave, equilibrando ideologia e pragmatismo com uma postura que, aos olhos da equipe econômica, é tanto disciplinada quanto implacável. Seja nas negociações com o mercado, seja na defesa das bases do PT, sua atuação sugere que o sucesso – ou o fracasso – dessa gestão passará, em grande medida, por suas mãos.

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